Catequistas de copo na mão e bolachinhas no bolso


Estava conduzindo uma reflexão sobre Catequese e Família para um grupo de catequistas, numa bela tarde de maio. No friozinho típico do sul do Brasil, o intervalo foi regado com cafezinho e chazinho quente, bem como algumas gostosuras, entre elas, claro, não podia faltar, a famosa bolachinha. Precisávamos retornar do intervalo com certa rapidez se quiséssemos concluir a proposta de conteúdo daquela tarde. Então ousei fazer o convite para que todos viessem para o diálogo com o “copo na mão e as bolachinhas no bolso”. Não teria problema, era só seguir refletindo e se aquecendo, partilhando o alimento, ali mesmo.

Bom, o convite provocou risos, mas no fundo ele revela muito sobre a missão de ser catequista. A incrível velocidade dos acontecimentos, unido à multiplicidade deles, impõe a nós a necessidade de um dinamismo enorme. De forma alguma gostaria de entrar na mesma lógica do mercado que impõe “trabalho, consumo, lucro,... mais trabalho, mais consumo, mais lucro...”, mas ressaltar a paixão que o catequista tem e manifesta ao sacrificar em algumas ocasiões, seu próprio momento de descanso, de descontração e de degustação de um chazinho/cafezinho com bolachas por causa do Reino de Deus. Esse pequeno sacrifício é apenas um sinal de tantos outros que estas pessoas fazem. “Tudo por amor”... com certeza é assim. Um amor que inventa um jeito de fazer feliz quem se aproxima e de ser feliz em qualquer ocasião, que põe as “bolachinhas no bolso, o copo na mão” e segue a missão, afinal, bolacha com chá, é bom também... hehe...

Se muitos cristãos tivessem a ousadia de se lançarem com “bolachinhas no bolso e copo na mão” para ouvir a Palavra de Deus e procurar entendê-la, para estudarem os problemas do mundo buscando na fé uma saída, se os cristãos não se apegassem tanto aos intervalos e desse mais valor a voz de Senhor que diz: “estou com fome, me dê de comer; estou com sede, me dê de beber; estou doente, venha me visitar; estou nu, por favor, me vista; sou estrangeiro e peregrino, não sei pra onde ir, não tenho onde repousar, tem um lugar para mim em sua casa?; estou na prisão, venha me ver, preciso de você” (Cf. Mt 25, 35-39); se fosse assim, o mundo já teria plenalizado o Reino e a terra já estaria em paz, já seria uma imagem perfeita do céu. Gente de “copo na mão e bolachinhas no bolso” é gente querendo aprender mais para ajudar mais, compreender melhor para melhor ajudar. É gente do Reino.

Aprendi com este gesto. Ele me fez pensar. Ao fazer o convite para aqueles catequistas, não tinha em mente a imensidão de ensinamentos que poderia me trazer. Agora penso que a Igreja precisa de muitos e muitos mais catequistas de “copo na mão e bolachinhas no bolso”. Gente com fome de saber, de experimentar o gosto do serviço ao próximo, com sede da benção da partilha dos conhecimentos, gente que busca aquecer-se na fraternidade da Igreja. Gente com pressa! Pressa de ver Cristo amado e seguido, “pois se vocês fizerem o que eu mando, então serão meus amigos” (Jo 15, 14).
 
ORAÇÃO
“Dá, Senhor, à tua Igreja, homens e mulheres
De copo na mão e bolachinhas no bolso.
Suscita sede e fome neles, para que te busquem
Com copo na mão e bolachinhas no bolso.
O mundo anda sem luz e precisa de gente
Com copo na mão e bolachinhas no bolso.
Gente que conheça sua luz, por isso, mesmo
Com copo na mão e bolachinhas no bolso
Buscam sem cessar o Deus amigo, que se aqui estivesse também estaria
Com copo na mão e bolachinhas no bolso,
Porque o reino de paz, justiça e solidariedade,
De copo na mão e bolachinhas no bolso.
Só chegará a existir, se
Copo na mão e bolachinhas no bolso
Não forem empecilhos, mas sinal de amor e doação.
 
Senhor,
Copo na mão e bolachinhas no bolso
É imagem de uma prece por fidelidade.
Copo na mão e bolachinhas no bolso
É expressão semelhante ao teu pedido na oração sacerdotal ao Pai.
Copo na mão e bolachinhas no bolso
É o mesmo que amor incondicional e sem limites.
Copo na mão e bolachinhas no bolso
É o sonho do mundo que põe em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça.
Copo na mão e bolachinhas no bolso:
É, agora, nossa oração.

Amém.”

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