Preste atenção
“Naquele
tempo, Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas depositando ofertas no tesouro
do Templo. Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas. Diante
disso, ele disse: ‘Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que
todos. Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, aquilo que lhes
sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver’”
(LC 21, 1-4). E todos começaram a olhar para ele surpresos por sua capacidade
de enxergar na contra miragem dos holofotes. Jesus prestou atenção a algo
essencial, não aos outdoors de sua época e, como dizia o Pequeno Príncipe, “o
essencial é invisível aos olhos”. Jesus deu atenção ao gesto pequeno e pode
perceber a coisa maior que alguém podia fazer: a entrega da vida.
Sabe
por que estamos cansando-nos facilmente em tudo o que nos empenhamos? Porque
queremos ver sempre as coisas grandes. Se não as vemos, concluímos que foi
inútil todo trabalho. Nossa atenção está voltada para respostas que venham na
mesma ou maior proporção que as nossas expectativas e investimentos. Isto é
ilusão. A vida tem outro ritmo. E, no fim, é apenas ela que importa.
Preste
atenção! Logo, logo perceberás que o tamanho das coisas que acontecem na vida
depende da forma como lhe damos atenção. Perceberás ainda, que as coisas importantes
não estão sobre nosso julgamento exclusivo, mas se não lhes damos atenção, elas
perdem o poder que tinham de trazer o bem ao mundo. Quando a resposta não vem
do modo como esperávamos é porque há algo no meio do caminho para o qual não
demos atenção.
Jesus
sempre deu atenção a estas pequenas coisas. Quando me lembro dele e do seu modo
de ver o mundo, de enxergar as pessoas, penso no meu modo de encarar a vida e
os projetos que nela edifico. Dou-me conta que enxergo com facilidade o superficial
e por isso faço julgamento e escolhas erradas. Não devo me contentar com o
fácil e óbvio. Devo prestar atenção ao essencial, preciso demorar, insistir,
perseverar na procura da grandiosidade de cada coisa sem buscar ver sempre as
coisas que se apresentam como grandes. Se não as ver no fim, voltar aos passos
da jornada e buscar ali o que está no meio do caminho. Não custa tanto, apenas
o necessário! Que bom será se eu souber desviar a atenção voltada para as
respostas que espero vir na mesma ou maior proporção que as minhas expectativas
e investimentos e focar na verdade que a vida faz emergir. Que bom será se isto
se tornar um farol para todos nós. Sim, vamos prestar atenção no nosso modo de
prestar atenção, nos objetos de nossa atenção, no interesse de nossa intenção.
Vamos prestar atenção em nós, pois, talvez, aí esteja a chave para compreensão
de nossas insatisfações e cansaço nos projetos que nos envolvemos.
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