Do outro lado do rio
Hoje alguém me convidou para conhecer um rio. Quanto entusiasmo! Mas que rio será? Eis o questionamento. Respondi
positivamente ao convite e me pus à disposição para mergulhar e seguir meu
amigo a fim de conhecer as novidades que ele quisesse me mostrar.
Tudo parecia bonito!
Fui aos poucos percebendo que este meu amigo me levava cada vez mais para o
profundo, e mais fundo, e eu fui, eu o segui. Fui vendo coisas novas e outras
tantas repetidas. Era interessante porque a cada momento me envolvia mais e
mais. Eram sinais, eram matérias, tudo me falava de alguém muito especial e de
uma relação muito próxima. Repito: fui vendo as coisas cada vez mais
bonitas, mais entusiasmantes e sedutoras. Fui vendo que os perigos do rio poderiam sim, ser desviados, que aqueles medos que anteriormente possuíra ao entrar
nos rios não eram assim tão temerosos.
Que grande surpresa
tive quando sai das águas e me percebi às margens do rio de sempre. Mas como
no mesmo rio? Isso é impossível! E as coisas diferentes, e as novidades?
Veio o silêncio, o encontro dos
olhos,...
Meu amigo tinha entrado
comigo pelo outro lado do rio por onde nunca eu tinha entrado nem olhado,
embora sempre ali estivesse.
Foi assim que conclui:
valeu a pena seguir um amigo que me convidou a entrar num rio, nada mais, nada
menos do que aquele em que sempre estive - minha vida. Ali eu pude encontrar
lembranças que tinha perdido, recolher detalhes despercebidos, marcas e sinais
de uma existência, da minha própria existência.
Aprendi olhar a vida dos vários lugares e
ângulos possíveis. A vida é mais do que se sabe. Entre no rio de sua vida pelos
vários lugares que for possível. Olhe com seus olhos, mas também com os olhos
das pessoas que ama e daquelas que precisa amar. Como eu, você descobrirá muita
coisa, valorizará algumas coisa bem mais do que tem feito; à outras não dará
mais tanta atenção; será mais doce ou mais duro; amarás mais. Pois de qualquer
lugar que se entre neste rio, só mergulha quem respira amor e o tem
suficientemente para descer aos recantos mais profundos, sem precisar retornar
apressado à margem. Não há outro rio, nem outra vida, mas há um outro lado do
rio e da vida que você pode conhecer sempre que quiser mergulhar no infinito
mistérios do seu profundo correr.
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