Você quer um conselho?
Tem coisas
nesta vida que realmente nos faz sentir-nos especiais. Um elogio, um sorriso,
um olhar que nos encontra no meio da multidão, um cartão, uma mensagem que
chega inesperadamente, uma escolha que fazem da gente, enfim, muitas coisas.
Mas há algo que, a mim, de fato, emociona: quando alguém pede um conselho!
Engraçado, não é? Pois, é...
Quando alguém
nos pede um conselho, está fazendo um convite para que participemos mais
profundamente de sua vida, é um voto de confiança. Talvez a confiança seja uma
das coisas que mais faça falta na atualidade. Talvez seja por isso que me sinto
tão lisonjeado quando alguém o pede.
Porém, é
verdade também, que na maioria das vezes as pessoas não me pedem. Sou eu quem lhes
digo: você quer um conselho? É, assim sou eu. É assim que sei ser. O meu ser só
é sendo assim. Bom, basta ver que a pessoa está diante de uma encruzilhada em
sua vida, que algo em mim diz: “oferece uma palavra, pode ajudar”. Então eu não
hesito e pergunto: você quer um conselho?
Com isto não
quero me intrometer na vida de ninguém. Só quero poder ajudar. Sei que uma
palavra tem poder. Que tipo de poder? O poder de tocar na alma. Alma é aquilo
que anima a pessoa, é a identidade, o eu de cada um, a parte indescritível e
mais pessoal de toda pessoa. A palavra sincera e desinteressada tem este poder.
Quantas pessoas buscam uma pessoa certa para que lhe dê uma palavra boa na hora
certa e do jeito certo. Bastaria, para muita gente, que alguém lhe olhasse nos
olhos e dissesse: “por este caminho sim, por este outro não”. E que o dissesse
na liberdade que supõe um conselho e na firmeza que supõe a confiança. Sim,
porque a confiança é o concreto na construção de um conselho e a liberdade é o critério
para que uma palavra seja conselho. Isto é mais incrível num conselho. Ele dá
liberdade à pessoa que escuta em segui-lo e à pessoa que o profere, em dizê-lo.
Um conselho
encurta a distância entre o tu e o eu. Ele mistura, nem que seja por poucos
segundos, a alma de duas pessoas. É bonito saber disso, no entanto, mais significativo
ainda, é experimentá-lo na gratuidade de uma amizade, da confiança mútua e
recíproca.
Um conselho
por si só não diz muito. Ele é só uma opinião. Entretanto, a atenção que lhe
dou ao emitir ou recebe-lo faz toda diferença. O sábio pede conselhos, não
porque não saiba, mas pelo fato de ser consciente da finitude humana. Quando mais
gente participa de nossa vida, mais infinitos nos tornamos. Feliz quem pode dar
conselhos! Mais feliz ainda, quem os recebe. É sinal que existe gente
interessada nele, gente que lhe quer bem.
Dar conselhos nos responsabiliza.
Também nos dignifica. Receber conselhos nos desafia, mas é um desafio afável
como um cafuné e firme como um empurrão.
Você quer um
conselho? Então lhe dou: peça conselhos e dê conselhos. Escute o seu coração e
dê bons conselhos. Escute o seu coração, escolha a pessoa certa, na hora certa
e peça conselhos. Não acredite na expressão popularizada “se conselho fosse bom
ninguém dava, mas vendia”. Conselho é bom porque supõe gratuidade. Conselho é
bom porque exige atenção, bem-querer, envolvimento, palavra e liberdade. Saiba:
se você não der conselhos, outros darão. Aconselhe quem você ama. Diga, de vez
em quando: “você quer um conselho?” ouse pedir conselhos a quem você acredita
que pode te ajudar, mesmo se estar pessoa parecer atarefada. Quem conquistou sua
confiança precisa saber disso e não há maneira mais elegante e concreta de dizer
que confia em alguém.
Bom, era isto
o que queria dizer hoje. Obrigado pela atenção.
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