Gravidez: realidade feminina e masculina.


A sociedade atual busca, mais do que nunca, alcançar e reconhecer a igualdade dos gêneros. Com o avançar dos tempos e as constantes evoluções no meio social temos visto que homens e mulheres possuem características muito semelhantes, o que os deixa num patamar igualitário, merecendo destaque a grande ascensão das mulheres que conquistaram os seus espaços sem perder a marca feminina que as torna únicas. Essa igualdade é uma necessidade, o mundo exige a cada dia e, sendo assim, buscamos o mais rápido possível corresponder.

Vemos que no percurso de nossa história, homens e mulheres estiveram separados, embora tal existência dependa da união dos mesmos. Sempre exerceram diferentes funções na família, na religião, na política, na sociedade e na história. Sendo a família a base da sociedade, valorizada por seu caráter construtivo, no decorrer dos tempos, mais do que laços sanguíneos e afinidade sentimental, constitui-se uma hierarquia, uma espécie de “pequena” sociedade dentro da “grande” que se trata do mundo.

Numa sociedade geralmente cada um possui uma função, uma responsabilidade que deve ser realizada da melhor maneira possível, no caso da família não foi diferente, cabia aos homens e mulheres tarefas distintas: os homens eram responsável pelo sustento da família, a conservação da moral, de um nome, de um ideal, eram eles que respondiam em nome de sua família e tinham a palavra final, enquanto as mulheres ficavam com os afazeres menos valorizados como os serviços domésticos, o cuidado dos filhos, as funções religiosas, a unidade da família, a eterna atenção aos desejos do companheiro ou então do pai e irmãos mais velhos e, ainda trabalhavam na ajuda dos serviços destes. Além de tudo isso, a mulher era quem fornecia ao marido os filhos. Todas essas funções tão separadas e individualizadas sobrecarregavam um e outro, que as realizavam nesta separação mesmo sabendo da existência próxima do companheiro e da maior facilidade que se poderia ter no compartilhamento de tais funções.

Os tempos passaram e a sociedade caminhou. Aumentaram-se as oportunidades bem como as necessidades. As mulheres foram pouco a pouco ocupando seu verdadeiro espaço na sociedade, mostrando a sua face, até então desconhecida pelo fato de serem reprimidas a qualquer manifestação de autoridade e capacidade que superasse a masculina. O século XX terminou como sendo das mulheres e o século XXI iniciou na mesma perspectiva, hoje as mulheres se igualam aos homens em todas as funções sociais que possibilite a atuação de ambos os gêneros.

No entanto, a mulher continua sendo mulher e o homem sendo homem, principalmente no que se refere ao biológico e as características sexuais de cada um. É o homem quem fertiliza a mulher e é ela quem gera e trará por nove meses dentro de seu ventre o novo ser que terá características de ambos. Mas neste processo é somente a mulher quem engravida? Onde fica o papel do pai (homem) nesse período? O que é a gravidez?

Perguntas como estas são frequentemente feitas na cabeça de milhares de homens e mulheres que vivem essa situação ou que de uma maneira ou de outra estão relacionados a este acontecimento: a gravidez. Sabemos que durante o período de gestação a criança está totalmente ligada à mãe e é dependente dela. Nesta relação o bebê é capaz de sentir tudo o que a mãe sente e isso não se muda. Mas sabemos também da importância que ocupa o homem ao lado da mulher neste tempo tão bonito e delicado, ou seja, o homem indiretamente está ligado ao novo ser e o bem estar da criança depende dele, já que também é reconhecido pelo bebê justamente pela proximidade junto à mãe, sendo ela positiva ou não.

Na gravidez as decisões tomadas pela mãe estarão diretamente ligadas à criança que aceitará sem poder reclamar, e como na maioria das vezes as mulheres estão vivendo em companhia de seus parceiros (o pai da criança) e sendo assim as atitudes de um se relaciona com a do outro e ambos desejem uma coisa em comum que é o nascimento saudável da criança, o homem está, em suas condições, totalmente ligado ao feto em desenvolvimento assim como a mulher ao bebê e sua presença paternal é benéfica à mãe, consequentemente à criança. Portanto ele tem papel fundamental na gravidez e pode se sentir “grávido”, pois o está, final são características suas que se uniram a da mulher (mãe) para que pudesse surgir uma nova vida, a do seu filho ou filha (quarenta e seis cromossomos da célula inicial, vinte e três dele e vinte e três dela).

Não podemos negar que, embora tenhamos mudado muito, ainda existem demasiado preconceito e tabus a serem quebrados para que a expressão “estou grávido” possa ser utilizada por um homem sem que a sua masculinidade seja colocada em dúvida. E não somente isso, mas também se pode incluir a questão da responsabilidade: estar grávido/a é ser portador/a de uma nova vida que, além do mais, é muito frágil, é se colocar no mesmo nível de quem realmente gera, com os mesmos sentimentos, é perder um pouco de si para deixar nascer quem está sendo gerado.

Para que este fato possa ser realmente vivenciado, seria necessário reforçar a união familiar, caso contrário seria impróprio considerar-se como tal se a maior característica deste acontecimento é a proximidade que gera comunicação, ligação entre os que gestão e o ser em gestação.

Temos que levar em consideração que este período tão maravilhoso e que exige cuidado impõe restrições à mulher e ao homem certa ansiedade. Como pai deve lhe preocupar o futuro da criança e o bem-estar da mãe, condições para que o filho ou filha que está para chegar possa o menos possível passar por necessidades o que também é desejo da mulher. Vê-se com frequência os homens procurando ser úteis, estar mais próximos da gravidez da mulher o que indiretamente reforça a condição de “gravidez” também dos pais. Ser pai não é somente cumprir tarefas práticas, mas é também se envolver afetiva e intimamente.

Tudo o que é novo gera medo e até mesmo para um casal que tenha dez filhos não lhes é diferente, tudo recomeça. Os homens geralmente vivem tais períodos em silêncio, se sentem incapacitados de descrever o valor de tal acontecimento ou estão intimidados a falar do assunto, pois o que para a mulher, pelas mudanças físicas é notável, nos homens é mais restrito e seu ambiente social masculino muitas vezes reprime tais manifestações sentimentais, outro tabu que se precisa derrubar. Existe ainda o medo de ser esquecido, sendo que a mulher sempre prioriza o bebê na barriga e depois o companheiro, já não é mais ele o centro da atenção da esposa, mas o filho que virá.

Observando nossa Constituição, veremos bem destacada a condição de igualdade entre homem e mulher diante de seus direitos e deveres o que nos faz refletir sobre um assunto bastante em ressalto: a questão da paternidade responsável. É responsabilidade dos pais a formação moral e ética da criança, o exemplo do espaço familiar principalmente nos primeiros quatro anos de vida, segundo os psicólogos, é fundamental para o seu pleno desenvolvimento. É direito dos pais estarem próximos dos filhos, é dever possibilitar-lhes uma vida digna, um crescimento sadio. Com esses critérios podemos definir que pai e mãe desde a gravidez se encontram em condições semelhantes e que depois de ter nascido à criança essas condições permanecem as mesmas, ambos são responsáveis pelo bem-estar de seus filhos até que eles possam responder por si mesmos e há quem diga que vai muito mais além. Pai e mãe é missão eterna, ultrapassa a definição convencional.

A família é fundamental na vida de todo ser humano. Se quisermos falar em igualdade de gêneros temos que considerar que ela pode ser construída lado a lado, homem e mulher e não separadamente, o que geraria uma disputa. A família cria espaço e faz crescer coisas boas como o respeito e o amor. Seguindo por esta linha de pensamento, nos depararemos com fases um tanto quanto difíceis no desenvolvimento da criança em que se fará necessária à presença dos pais que mais do que socorrer, orientar e satisfaze-los, precisarão “ser” pai e mãe, por isso a necessidade de existir antes mesmo de uma gravidez, um planejamento familiar, que permita ao casal definir o que querem e o que necessitam para que seja construído o lar de seus sonhos. Numa família onde o pai e mãe trazem razões de bom relacionamento, cultivo de valores essenciais à vida desde o momento da concepção, na gravidez e no desenvolver dos filhos, terá uma base sólida para a formação de homens e mulheres de bem, raros e necessários a nossa complexa sociedade.

Outro fator que não se pode deixar de citar é a desigualdade social existente em nosso país que faz com que meninas precisem se prostituir para poderem sobreviver. Nestes parâmetros de abuso, muitas vezes acontece à gravidez que se torna responsabilidade única e exclusiva da mulher, já que os homens apenas fazem “uso” e não se importam com as consequências, que pode ir desde uma criança sem pai até um cidadão sem sólida formação, inadequado para a convivência social. De fato, a desigualdade social é uma realidade discriminatória que gera dor, fere a dignidade e distancia o termo “igualdade” da concretização, sendo a mulher a que sofre mais.

A liberdade sexual de menores e a constante influência dos meios de comunicação têm cooperado muito no distanciamento do cultivo de muitos valores, o que não é bom. Sexo tem que se fazer com responsabilidade, na hora certa, do jeito certo e com a pessoa certa. Os adolescentes não estão preparados para uma novidade como esta e nem mesmo possuem estrutura para assumir compromisso, ainda mais sendo tão sério, como é caso de uma gravidez. Experiências assim, não possibilitarão que este momento seja vivido como uma gravidez de pai e mãe. A verdade é que existem muitos conceitos que precisam ser revistos, outros retomados, outros ainda mudados para que se construa a sociedade que todos os dias homens e mulheres, de todas as raças e credos, sonham e lutam para alcançar.

A gravidez é um momento único, sempre novo, mágico, jamais individual. A mesma necessita de atenção, presença amiga, ambiente saudável e um grande amor. É momento do homem, da mulher e do ser gerado. Não torna ninguém maior ou menor, melhor ou pior, mas une e plenifica a diferença dos gêneros. Ressalta e apela para as coisas que nos fazem mais humanos, como os sentimentos e a razão. A gravidez acontece no homem e na mulher, seja de suas vontades ou não. A criança traz características de ambos e precisa da atenção, da proteção, do amor e do carinho deles, pois o que está em destaque é o maravilhoso dom gratuito da vida. É nesse período que se começa a construir o cidadão apto a convivência igualitária no meio social, quando lhe é proporcionado sentir carinho e amor, mesmo que não tenha a capacidade de raciocínio. É preciso que receba o toque da mãe, ouça a voz do pai, se sinta esperado por todos, independente do seu sexo. A presença de pai e mãe e a intima ligação entre ambos gerará dentro do ventre da mãe um ambiente saudável e assim o bebê será alguém capaz de cultivar esses mesmos valores em sua vida, pois o traz impresso no inconsciente, ainda mais se esse contínuo companheirismo entre pai e mãe se estender por toda vida. No direito e no dever, homem e mulher são portadores da vida e do direito de estarem ao lado de seus filhos como uma constante força que levará muito mais além, mostrará que o mundo pode ser construído com igualdade. vivendo assim, estaremos apenas cumprindo com o nosso dever de seres humanos que nada mais buscam do que a sua felicidade. Essa felicidade não existe somente no desejo, mas é construída no dia a dia, quando homens e mulheres se reconhecem como complemento um do outro, quando entendem que a existência do sexo oposto não é mera e simplesmente por acaso ou para oferecer prazer, mas sim porque possui um papel essencial para tudo que existe e que existirá. O futuro depende das atitudes do presente, se formos capazes de reconhecer que a vida é importante se homem e mulher se respeitam, cooperam e acreditam um no outro, se são capazes de entender que estando ambos grávidos, não verão nascer apenas um ser humano, mas sim, a esperança de um mundo melhor que se aproxima, construído pela mão de mulheres e homens portadores da vida chegaremos ao que viemos buscando há séculos, a igualdade que permite vida digna a todos.


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