Como Deus deseja que o amemos - Espiritualidade Salesiana (Tratado do Amor de Deus)

São Francisco de Sales escreve o Tratado do Amor de Deus citando muitas vezes o livro bíblico Cântico dos Cânticos, que fala do amor entre dois jovens, para mostrar-nos como Deus deseja o nosso amor. A Sulamita é a personagem principal do Cânticos dos Cânticos. É chamada de amada e é descrita como a mais formosa entre todas as mulheres (Ct 1,8; 4,1.7; 6,4). Sua coragem e a fidelidade ao amado é a característica que nosso São Francisco inúmeras vezes ressalta em sua obra. A Sulamita é a Igreja, é cada alma, cada pessoa que ama a Deus. O amado é Deus, a quem devemos abraçar e jamais largar (Ct 3,4b).
A Sulamita é uma mulher apaixonada que nada mais quer do que unir-se a seu amado. E o amado quer o mesmo. Os dois se procuram, se elogiam, se desejam, unem-se: “Arraste-me com você, corramos!” (1,4); “Vou levantar-me, vou rondar pela cidade, pelas ruas, pelas praças, procurando o amado de minha alma” (3,2); “Você roubou meu coração, minha irmã, minha noiva” (4,9); “Como você é bela, como você é formosa, que amor delicioso!” (7,7) “Estou doente de amor” (5,8c); “Eu sou do meu amado e o meu amado é meu” (6,3); “O amor é forte, é como a morte” (8,6b).
Deus nos ama como este amado do Cântico dos Cânticos. Ele nos procura, nos deseja. Nosso amor é importante para Ele. Ele deseja que o amemos: “Teótimo, como o divino Coração é apaixonado pelo nosso amor!” (TAD II,VIII), “o seu amor é infinito” (TAD II,VIII). Sim, Ele nos deseja: “notai, porém, Teótimo, com que ardor deseja Deus que sejamos seus, pois que por este motivo. Se tornou todo nosso dando-nos sua morte e a sua vida; a vida para que fôssemos isentos da morte eterna; e a sua morte para que possamos gozar da vida eterna” (TAD, III,V). Deus “nos amou para que fôssemos santos” (TAD II,VIII). É um amor ciumento como o de esposos que não aceita separação (TAD, X,XIII). E ele nos chama a amá-lo por amor de nós (TAD, X,XIII).
 “O seu amor para conosco é um abismo incompreensível” (TAD, IV,VIII), só mesmo a experiência pode comunicar algo a respeito. Essa experiência é querida e “primeireada” pelo próprio Deus que, “no seu amor para conosco, começa sempre pela benevolência, querendo e operando todo o bem que há em nós para nele em seguida se comprazer” (TAD, V,V). Deus tem alegria em nos amar e por nós está disposto até mesmo a sofrer, feito a Sulamita que pena de amor sem saber onde está o seu amado (TAD, VI,XIII).

Sinta-se esta Sulamita, procurando Deus e sendo procurada por Ele. Que o coração sinta o sabor de ser amado por Deus, desejado pelo Senhor. Mergulhe na singularidade do amor, que nos faz únicos, insubstituíveis, irrepetíveis, que dá sabor e razão a tudo na vida. E reconheçamos o nosso amor como o maior dom que se pode dar ao Amado de nossa alma.

(TAD - Tratado do Amor de Deus)

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