O meu amado é meu - Espiritualidade Salesiana (Tratado do Amor de Deus)
“O amor que dedicamos a Deus tem a
sua origem na primeira complacência que o nosso coração sente quando, ao
aperceber-se da divina Bondade, começa a tender para ela. Quando aumentamos e
reforçamos esta primeira complacência pelo exercício do amor, atraímos ao nosso
coração as perfeições divinas e gozamos da divina bondade pela satisfação que
nela encontramos. Sentimos então o contentamento amoroso que a Esposa sagrada
exprime assim: ‘O meu amado é meu’”
(TAD V,III).

Estas descrições dizem
respeito ao amor de Complacência e ao amor de Benevolência. A Complacência é a
abertura e docilidade de coração que brota do prazer em amar e ser amado. Nos
faz dar o nosso coração a Deus. A Benevolência é o bem que desejamos a alguém,
é querer bem, querer fazer o bem (TAD I,XIII). Por este amor procuramos agradar
a Deus em tudo. Assim, “o amor de complacência atrai Deus para o íntimo de
nosso coração, enquanto que o amor de benevolência lança para Deus o nosso
coração, e com ela todos os nossos atos e afetos, consagrando-lhes com profundo
amor” (TAD VIII,II).
Sim, “o nosso amor para
com Deus começa (...) pela complacência que temos na suma bondade e infinita
perfeição que sabemos existirem na Divindade; em seguida, passamos ao exercício
da benevolência” (TAD V,VI). “O amor de complacência atrai Deus para o íntimo
de nosso coração, enquanto que o amor de benevolência lança para Deus o nosso
coração, e com ela todos os nossos atos e afetos, consagrando-lhes com profundo
amor” (TAD VIII,II).
Mas a Deus não podemos
fazer nenhum bem porque ele é o Bem em si. “Verdadeiramente
nenhum bem podemos desejar a Deus, porque a sua bondade é infinitamente mais
perfeita que tudo quanto pudéssemos desejar ou imaginar. (...) Não podendo,
pois, em absoluto, desejar coisa alguma para Deus, formamos desejos imaginários
e condicionais, por este modo: Eu disse ao Senhor: Vós sois o meu Deus, porque
possuindo a plenitude da vossa infinita bondade não tendes necessidade dos meus
bens nem de coisa alguma, mas se, por impossível, eu pudesse pensar que
precisáveis de algum bem, nunca cessaria de vo-lo desejar à custa da minha
vida, do meu ser e de tudo quanto existe no mundo. (...) Há ainda uma espécie
de benevolência para com Deus quando, ao considerar que não podemos
engrandecê-lO n'Ele mesmo, desejamos engrandecê-lO em nós, fazendo crescer mais
e mais e sempre a complacência que temos em sua divina bondade” (TAD V,VI).
Com estes dois modos do
amor compreendemos como ser de Deus e ter
Deus como sendo da gente. Vamos rezar imaginando-nos aquela gota de água que
nosso Pai Francisco mencionou, aquela gota de água natural lançada num oceano
de água aromática clamando com grande alegria: “eu vivo, mas não sou eu mesma que vivo, é este oceano que vive em mim,
e a minha vida está oculta neste abismo!” (TAD VI, XIII). Sintamos a
alegria desta gota, a complacência dela. E nos doemos ao mar, sejamos
benevolentes, façamos o que for possível para alegrar este mar do Amor Divino. Valendo-nos
de um pensamento da mais recente santa da Igreja, Teresa de Calcutá, Tenhamos
presente que “somos só mais uma gota no mar, mas sem esta gota o mar seria
menor”. Deus nos quis, somos sua
Sulamita, somos a gota que Ele quer ver diluindo-se em seu amor para que Ele
viva em nós e nós Nele.
(TAD - Tratado do Amor de Deus)
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