Silêncio, beleza e proximidade



Meu coração:
Você me fala do silêncio
Como sendo uma grande presença.
Meu amigo,
não consigo concordar,
Porque, para mim,
Silêncio se veste de nobreza
Só quando entra no vagão da poesia,
Mas no real da vida
ele é ausência
e de ausência já estamos preenchidos.
Meu amigo:
É isso que você realmente pensa?
Meu coração:
Sim!
Sem presença,
o silêncio é ausência.
Meu amigo:
Mas, se juntarmos nossas ausências,
entre elas haveria nossa presença,
e isso as exorcizaria.
Meu coração:
É bem isso, meu amigo!
Meu amigo:
Mesmo que não houvesse palavras?
Meu coração:
Sim,
mesmo que não houvessem palavras,
só presença.
Meu amigo:
É lindo o que me dizes,
É bonito o que agora sinto,
Já não sou mais solidão.
Meu coração:
O belo é como a doçura
de uma prolongada estação,
meu amigo.
Meu amigo:
Verdade!
A beleza sempre envolve,
o que é belo nos rouba,
é maior que nós.
Meu coração:
Nos surpreende,
Nos encanta
Seduz,
e, pronto:
Quando dizemos que é belo
É porque, de certa forma, já nos entregamos.
Meu amigo:
Sabe, eu estava pensando:
quem de longe olha
para o jardim de nossas vidas
pode ver só brotos ramagens
No entanto, se aproximar da gente
encontrará todas estas matizes
voltadas para o infinito
que derrama-se de encanto.
Meu coração:
A sua presença, meu amigo,
nos faz felizes.
É tão bonito,
Nem precisamos falar tanto.
Meu amigo:
Nos teus olhos vejo
pétalas
que o doce orvalho de tua madrugada
anseia.
Meu coração:
Mas se você não vem ao jardim,
apenas fica com essa manchete
de jornal atirado pela janela.
Venha ver-me, meu amigo!
Não permita que a navalha do destino
fatie nossos caminhos.
Tua presença
ausenta o silêncio
de mim
que habito a palavra.

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