A comunicação na liturgia


O mundo globalizado do século XXI caracteriza-se por um aspecto especial: a comunicação. Pode-se dizer que a comunicação ocupa o centro das preocupações da sociedade moderna e pós-moderna e que a maioria das mudanças que caracterizam a sociedade de hoje estão relacionadas com este fenômeno. Comunicar é uma arte. Arte que transforma.  O homem se faz pela comunicação, pois a comunicação está inerente a ele. Por esta realidade ele estabelece relação com a sociedade, reconhecendo-se como individuo, bem como, a presença do outro/outros.

O homem não só se comunica com seus semelhantes, mas com o universo inteiro e com Deus. A comunicação do homem com Deus supõe que Deus se comunica com o homem e que o homem tem a missão de comunicar Deus e o seu Reino. A forma privilegiada de Deus se comunicar com homem se dá na Palavra: Palavra encarnada em Jesus de Nazaré; Palavra presente na Sagrada Escritura, na Tradição e no Magistério; Palavra celebrada na Liturgia. Esta Palavra de Deus foi confiada ao ser humano. Tem este, pois, o desafio de comunica-la aos confins do universo.

Como observava uns dos autores a quem recorremos para a confecção deste artigo, “analisar a liturgia na perspectiva da comunicação não é fácil”, pois “Ela integra a dimensão mistérica e invisível da comunicação da mensagem salvadora e a experiência humana e religiosa no âmbito sociocultural da assembleia litúrgica” (V. SILVA, 2012). Em nossos dias os meios de comunicação informam, formam e reformam o viver das pessoas através da influência da consciência. A liturgia como meio privilegiado da comunicação divina é um espaço de humanização, em que a relação dos homens entre si e com seu Criador acontece na dimensão fraterna da festa e da missão.

A Comunicação Litúrgica como realidade da Manifestação do Mistério Pascal de Cristo é a ponte entre homens e Deus. Este Mistério é mais do que enunciados, mensagens: ele é experiência, comunhão, alteridade. Por isso a Comunicação na Liturgia e a Liturgia como Comunicação é um dom, uma arte e uma tarefa. A comunidade comunica quando se reúne acolhendo o dom, evidenciando-o na sua maneira de celebrar e assumindo os compromissos que a Palavra e a experiência do amor divino no Mistério Pascal lhes desperta. Mas há, ainda, a missão de comunicar em comunidade e para isso é necessário o uso de recursos e a compreensão do que seja a Liturgia e a comunicação. Quando bem se comunica, bem se celebra. O Mistério bem celebrado toca o coração das pessoas e se torna atualidade sensível para cada qual.

Quanto aos meios de comunicação, precisa-se dizer que são bons, necessários e oportunos. O cuidado que se deve ter é de que não se deixe algo sobressair à centralidade da Liturgia que é a vida de Cristo, sua morte, ressurreição e presença em nosso meio até o fim dos tempos. O intuito dos símbolos, do espaço litúrgico, dos cantos, leituras, paramentos, microfones, instrumentos musicais é possibilitar que cada pessoa, em comunidade, esteja em plena comunhão com o Pai, por Cristo, no Espírito, em louvor e prece. Tudo o que fugir desta meta soará como ruído, e ruídos não fazem bem.

Há desafios? Certamente, sim! Como comunicar de modo atrativo aos jovens de hoje, sem desconsiderar os idosos e sua forma tradicional de celebrar e entender a comunicação na liturgia? Como garantir a essência do Mistério celebrado quando se quer considerar os vários elementos culturais dos lugares e, por vezes, alguns elementos não comungam necessariamente dos princípios cristão? Como garantir formação para os leigos, religiosos e presbíteros que, às vezes, não possuem o dom de comunicar nem por ele se interessam? Todos estes desafios convocam a Igreja para uma fidelidade criativa e uma criatividade fiel.

O mundo busca novidades. É preciso criá-las e apresentá-las. Mas as pessoas também buscam fidelidade, profundidade, fundamentabilidade. Há que oferecê-las. Na liturgia esta comunhão é propícia. Não existe razões para o medo. O antigo também cativa: temos nossas tradições. O novo surpreende: o Espirito é quem nos anima. Assim, desafiemo-nos a agir como um pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas” (Mt 13, 52), para que a liturgia seja comunicação do imenso amor de Deus que nos faz amar-nos entre irmãos e cantar louvores à Trindade por sua incansável manifestação.

           

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