Olhemos para frente

O ser humano carrega em si uma tendência muito forte ao passado, principalmente quando o passado carrega uma marca dolorosa. Os estudos nos dizem que quando somos feridos, nossa memória grava e reage toda vez que algo lembra daquilo. Sabedoria de nossa natureza e de nosso Criador! Mas é bem verdade também, que há algumas coisas das quais devemos nos libertar; que devemos, de fato, deixar no passado - aquela palavra infeliz que alguém pronunciou, aquele gesto indesejável, aquela atitude não tomada por alguém muito importante; sim, uma decepção, uma agressão, um desprezo, um erro, uma perda, uma mentira, um pecado... Nem sempre conseguimos nos desvincular destas realidades. Por vezes, parecem possuir a categoria de eternidade, porque a toda hora nos vem à mente e nos rouba de nós mesmos, fazendo-nos reviver os sentimentos dolorosos.

O profeta Isaías (43,18-19a) diz ao povo: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu (Deus) farei coisas novas, e que já estão surgindo (...)”. É um convite ao povo para seguir em frente. Quantas vezes nos pegamos reclamando da vida e idealizando o passado? Não, isso não resolve nada. Ficar voltando ao passado é como querer pegar o ônibus que já foi. Será sofrimento em vão, perca de tempo e envenenamento da alma. Olhemos para frente! Coisas novas não estão no passado.

São Paulo diz (Filipenses 3, 13-14): “Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus.” É uma perspectiva esperançosa a dele. A fé existe em nós para nos projetar à felicidade. O Apóstolo relembra suas falhas e suas perdas, entretanto elegeu as promessas de Cristo como suas metas. Qual é a sua meta? O que você elege todos os dias como parâmetro e como finalidade? Faz a diferença escolher olhar para frente com positividade. Ninguém é feliz de graça, mas passo a passo, degrau por degrau, escolha por escolha e, claro, por determinação. Quem tem fé, consegue enxergar, nestas opções, a graça de Deus que completa o que falta.

Jesus também sempre insistiu que deveríamos olhar para frente. Certo dia, os fariseus e Mestres da Lei levaram-lhe uma mulher pega em adultério. Queriam apedrejá-la. Jesus pediu para que atirassem a primeira pedra quem nunca havia pecado. Todos foram embora. Ficaram Jesus e ela. ‘Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles?” Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não lhe condeno. Pode ir, e de agora em diante não peque mais”.’ (João 8,9-11). O Senhor não se detém no passado. A ele interessa o futuro dessa mulher. “Pode ir”, diz ele. E nos repete isso, independente do que esteja nos amarrando ao passado. Deus não nos condena, porque ninguém pode ser feliz condenado. Você pensa em mudar de vida, mudar de sonhos, deixar aquilo que te atormenta? Pode ir! Vai em frente. Coragem! Vale a pena. E isto que diz Jesus: “pode ir.”

Não perca tempo com um passado que prende. Fomos criados para seguir livres e semear esperança em cada canto do mundo. Se a vida anda difícil, busque força onde há força e não onde há espinhos. Pense bem: cavoucar no passado pode desenterrar a semente do futuro. Semente desenterrada não cria raiz. Mire o broto, mesmo que pequeno. Ouça o Cristo que lhe diz: “ Pode ir, vai!” e segue em frente.