Liberdade para Aprender - Carl Rogers
Liberdade para Aprender foi a primeira obra de Rogers
traduzida no Brasil, na década de 70, e foi o desenvolvimento de inúmeros
artigos escritos anteriormente, com algumas inovações acrescentadas. Via-se na
época duas formas de aprendizagem: uma didática, em sala de aula e com rígidas
instruções, e outra natural, espontânea, em que se aprende através do convívio
e troca de experiências. Ele propõe o ensino centrado no aluno, partindo da
premissa de que os seres humanos têm potencialidade natural para aprender. O
professor não deve ser o foco do processo de ensino-aprendizagem. O ensino, ao
contrário, deve centrar-se no aluno. O aprendiz deve entrar em real contato com
os problemas importantes de sua existência e ter liberdade para aprender.
Como bem se sabe, Rogers definiu aprendizagem como sendo uma
"insaciável curiosidade" inerente ao ser humano e que a sua essência
é o significado, o que significa que o foco está no processo e não no conteúdo
da aprendizagem. O professor deve ter em conta que os alunos aprendem aquilo
que para eles é significativo. Por essa razão, a passividade muitas vezes
vivida na sala de aula, produto e produtora de desinteresse, é um dos maiores
inimigos de uma aprendizagem eficaz. Assim ele vai trazer na sua obra,
experiências vividas por professores criativos, que ousaram ensinar de um modo
diferente: com liberdade ainda não oferecida. De acordo com este modelo
proposto por Rogers, é importante que o professor tente encontrar o fio
condutor que orienta o aluno, ou seja, ir ao encontro do que o aluno tenta
compreender e, se necessário, reformular conhecimentos e o método de os
ensinar. O objetivo primordial deste modelo é o de que o aluno abandone a
passividade e adquira um papel ativo, de intervenção no seu próprio processo de
aprendizagem, o que significa que a aprendizagem deixa de estar centrada no
professor, para passar a estar centrada no aluno.
O autor comenta que considera frustrante o sistema de ensino
que se utiliza de testes padronizados, notas dadas pelo professor, deveres
idênticos para todos os alunos, mas aponta alternativas. "Para lidar com
estudantes, há meios práticos que estimulam e facilitam a aprendizagem
significativa e auto-confiante". Sugere então, como fizeram os professores,
como a senhorita Shiel e o Dr. Faw, criar uma situação totalmente nova em
relação à educação: os testes perdem sua função, os deveres são atribuídos
pelos próprios estudantes e as notas são autodeterminadas ou perdem sua
importância.
São qualidades que facilitam a aprendizagem estas
testemunhadas pelos próprios alunos: autenticidade ("humanidade"),
apreço, confiança, aceitação. Rogers sugere que esses novos professores sejam
chamados de catalisadores, facilitadores, e que proporcionem aos alunos
liberdade, vida, oportunidade de aprender. A relação professor-aluno deixa de
existir; os facilitadores são pessoas que estão no mesmo patamar dos
estudantes, deixam de ser seres dotados de extremo saber para servirem como
veículo de ajuda e encaminhamento no processo de aprendizagem Nesse novo
sistema alguns métodos não se empregam: não há deveres de casa, leituras, aulas
expositivas (apenas quando solicitadas), não há avaliações ou críticas nem
provas obrigatórias e por isso não há resultados provenientes de exames ou
testes, fruto de um trabalho de memorização e mecanização, sem sentido para os
aprendizes.
Segundo experiências vividas em vários institutos de educação, em várias nacionalidades e com muitos grupos, Rogers evidencia que a aprendizagem é significativa quando o assunto percepcionado pelo aluno é relevante para os seus propósitos e não deixa escapar o dado de que, se este ensino deve implicar numa mudança ameaçadora na percepção de si mesmo, tende para a resistência dos alunos, o que é normal. Então o facilitador terá de ver modos que repercurtam como positivo neste ensino aprendizagem. A apreensão e assimilação de um assunto é melhor quando a ameaça que o aluno sente em relação a si é reduzida ao mínimo. Então, quando a autocrítica e a auto-avaliação são facilitadas, e a avaliação externa se torna secundária, a independência, a criatividade e a auto- realização do aluno tornam-se possíveis.
Segundo experiências vividas em vários institutos de educação, em várias nacionalidades e com muitos grupos, Rogers evidencia que a aprendizagem é significativa quando o assunto percepcionado pelo aluno é relevante para os seus propósitos e não deixa escapar o dado de que, se este ensino deve implicar numa mudança ameaçadora na percepção de si mesmo, tende para a resistência dos alunos, o que é normal. Então o facilitador terá de ver modos que repercurtam como positivo neste ensino aprendizagem. A apreensão e assimilação de um assunto é melhor quando a ameaça que o aluno sente em relação a si é reduzida ao mínimo. Então, quando a autocrítica e a auto-avaliação são facilitadas, e a avaliação externa se torna secundária, a independência, a criatividade e a auto- realização do aluno tornam-se possíveis.
O livro deixa bem claro que a maioria das aprendizagens
significativas é adquirida através de atos, ou seja, pela experiência. A
aprendizagem é facilitada quando o aprendiz participa responsavelmente do
processo. Portanto, a aprendizagem que envolve a auto- iniciativa por parte do
aluno e a pessoa na sua totalidade, ou seja, dimensões afetiva e intelectual,
torna-se mais duradoura e sólida. Como exemplo, sustenta que ocorrem falhas na
comunicação interpessoal principalmente em razão da tendência do homem para
julgar, avaliar aprovar ou desaprovar outra pessoa e a fim de solucionar estas
falhas, a autenticidade, a compreensão e a abordagem empática podem ser úteis.
Evidentemente Carl Rogers não seria coerente se não alertasse
aos professores das dificuldades a serem encontradas quando se propõe um grau
elevado de liberdade à alunos acostumados sempre num processo rígido de educação
que contava com policiamento, metas e punições: "Reconheço que para outros
dar liberdade a um grupo pode ser uma coisa arriscada e perigosa de fazer, e
que, consequentemente, eles não podem, genuinamente, dar esse grau de
liberdade. A estes sugeriria: experimente dar o grau de liberdade que você
pode, genuína e confortavelmente dar, e observe os resultados". Não basta o professor ter vontade de fazer,
muitos tentaram e não conseguiram. É necessário estar preparado, ter certo
carisma e domínio do assunto e de modo particular “ jogo de cintura” para
trabalhar com grupos onde as pessoas e suas histórias são bem diferentes.
Ensinar requer também, de acordo com este modelo, um nível de maturidade e
segurança por parte do professor, que lhe permita, por um lado, diminuir a
assimetria do seu poder enquanto docente, partilhando a responsabilidade do
processo de aprendizagem e, por outro, acreditar na capacidade de aprender e
pensar por si próprio do aluno. O ato de aprender é sempre um ato individual, o
que significa que aquilo que se aprende, adquire em cada pessoa um sentido e um
significado próprios. Deste modo, as aprendizagens do aluno serão sempre
diferentes, devendo as mesmas ser respeitadas pela pessoa do professor.
E a pretensão de tudo isso, desse modelo de educação qual é?
De tornar os educandos autênticos cidadãos, responsáveis pelas suas escolhas e
pela sociedade. Um sala de aula poderá, deste modo, transformar-se num grupo de
pessoas, que interessa-se uns pelos outros, pelo aprendizagem dos colegas,
deixando os alunos de ter os olhos postos exclusivamente no professor, para
passarem a olhar uns para os outros de forma interativa. Deixam de ser um
agregado de indivíduos que estão lado a lado, sem direito a comunicar, para
passarem a ser um organismo vivo, em que todos os membros mantêm relações entre
si. E na própria classe é possível começar a transformação da realidade para
melhor, não fixando-se em teorias transmitidas por um sistema rígido, injusto e
inflexível de ensino.
Ótimo texto. Parabéns.
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