Seu coração não é uma bateria


Recentemente tomei conhecimento de algo bem interessante. Diz respeito à música e ao coração. Você já deve ter ouvido o soar de um tambor. Não sei se fez esta ligação, mas o som instrumental que mais se parece ao coração é o de um tambor. Especula-se que este som é comum a todas as culturas e povos, justamente por causa do pulsar de nosso coração e o som que dele provém. Interessante, não é!? E olha que eu nem tinha percebido.

Agora, compreenda o que eu andei pensando a partir deste conhecimento. Em nossos dias cheios de compromissos sobra pouco tempo para o silêncio e para o trivial. Nossa agenda feita de pequenos e grandes feitos nos suga do tempo. Ah, você não concorda? Deixa-me perguntar-lhe, então: quando foi a última vez que você ouviu o pulsar do seu coração? É, aquelas batidas que sincronicamente a gente ouve levando a mão para sentir sua serena vibração? Viu... Pocha, amigos, estamos esquecendo de viver... e culpando a vida por não nos avisar sobre as tempestades! Chegamos em casa cansados e chateados, ligamos o rádio ou a TV no máximo, conferimos as mensagens dos estranhos via internet e começamos a fazer uma coisa atrás da outra sem dar tempo ao que, de fato, poderia fazer a diferença.

Se você prestar atenção, como eu acabei fazendo ao refletir sobre este tema, o sons dos tambores estão tão presentes em nossa vida quando o é na vida dos povos e grupos que cultivam a música de tambores. Mas nós os reproduzimos em um instrumento mais sofisticado, a bateria. O princípio da bateria é quase o mesmo: som provindo de batidas. Ela é um magnífico instrumento que contem vários tambores e outros acessórios. Bom, agora vem o curioso desta minha reflexão: creio que ela reflete nosso modo de ouvir o coração. Não o nosso, mas aquele que gostaríamos de ter. É uma mistura de tudo e mais um pouco. A bateria é um coração super-homem que pode tudo ao mesmo tempo e em todos os lugares. O tambor é monótono demais, simples exageradamente, não dá conta de saciar o anseio por vibração da nossa geração. Já a bateria garante o seu lugar no espetáculo porque se adapta a quase todo ritmo e harmonia. É perfeita como instrumento, mas como alegoria do coração humano, um desastre. Explico o porquê.

            Amigos, cada coisa de uma vez, na sua vez e todas as coisas serão bem feitas: eis um conselho dos antigos. Sim, difícil do homem pós-moderno entender, mas necessário. Nosso coração não pode ser uma bateria. Ele é só um. Precisamos ouvi-lo como se ouve um tambor e decifrar sua mensagem. O ritmo da vida não pode ser ignorado. Pense que o tambor evoca silêncio e vibração, tempo e som. Em tribos africanas o som dos tambores evocam divindades. É o coração clamando por Deus na sincronia de suas batidas. Bonito saber disso. Mas então, o que seu coração está clamando a você? Não é porque ele parece monótono ao pedir coisas pequenas que não mereça atenção.  Troque a imagem: o coração é um tambor, não uma bateria. Ouça o tambor, deixa a bateria para os shows. No cotidiano da vida ouça o coração, escute este tamborsinho sincero e simples.

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